24 de fevereiro de 2012

EM QUE CONDIÇÕES TRABALHAMOS

Desde 2010 o Sindsep tem elaborado, com base nas informações dos locais de trabalho, uma relação de providências que deverão ser tomadas por parte da prefeitura com vista à garantia mínima das condições de trabalho. A essa relação de providências temos denominado Demandas dos Servidores, as quais compreendem vários aspectos, como valorização salarial, desenvolvimento na carreira, relações de trabalho, previdência, dentre outros.

Um dos aspectos das demandas dos servidores são as condições de trabalho, tema que tem sido debatido de forma mais intensiva na Jornada pelo Trabalho Decente. O que defendemos? A título de exemplo, temos:
·     Banheiros separados para homens e mulheres
·     Transporte para deslocar os servidores
·     Protetor solar para servidores que trabalham expostos ao sol
·     Escada de alumínio
·     Implantação de quadros brancos nas salas de aula
·     Equipamentos de proteção individual (luvas, máscaras, etc)
·     Água para beber no local de trabalho
·     Salas de aula climatizadas e equipadas
·     Regularização da jornada de trabalho em tempo integral dos professores concursados para 100 horas-mês
·     "Kit vocal" para professores: microfone, caixa de som

Essa relação de condições se renova e se amplia em função das novas situações que vão surgindo. Neste início de ano, a Diretoria do Sindsep foi informada sobre as condições do local de trabalho, bastante limitadas, de muitos profissionais que trabalham na educação infantil. E aqui vai uma alerta para todos os trabalhadores, para observarem as condições em que trabalham.

Em várias turmas da educação infantil, sobretudo nas creches, mesmo tendo poucas crianças, temos um problema sério que consiste na existência de apenas uma pessoa (professora) para cuidar de todas essas crianças durante todo o período em que elas estão na escola. Destaca-se não apenas a carga de trabalho e o esforço realizado, mas, sobretudo as características das condições do local de trabalho que produzem uma sobrecarga e estafa adicionais nesses profissionais.

A profissional lotada nas turmas de creche permanece todo o turno escolar cuidando das crianças; uma conseqüência imediata é que elas perdem o tempo do intervalo. Nas turmas do fundamental, apesar da redução desse intervalo, os professes têm seus 15 minutos para tomar água ou ir banheiro.

Sabemos claramente que as crianças não podem ficar sozinhas, mas se uma única pessoa é colocada nessas turmas, tem se verificado:
·          que enquanto a professora conduz uma criança ao banheiro, as outras ficam sozinhas em sala, porque muitas vezes não há ninguém disponível para ajudar;
·          profissionais relataram para a diretoria que permanecem todo o tempo em sala e sequer têm condições de ir ao banheiro, e em alguns casos, profissionais que tomam medicamentos com efeito diurético passam severos apertos, e chegam ao final do turno de trabalho “estourando”;
·          foram citados casos de crianças que fazem xixi na roupa, e a professora precisa levá-la ao banheiro, limpá-la, dar banho; e como ficam as outras crianças enquanto isso? É preciso correr com uma até o banheiro e ficar rezando para que nada aconteça com as que ficaram em sala, porque afinal de contas, que está a frente de uma sala é responsável pela mesma.
Esses problemas já foram relatados nos locais de trabalho, mas as saídas apontadas em nada contribuíram para solucionar o problema.
A questão passa necessariamente pela existência de uma pessoa de apoio ao profissional lotada em uma turma de crianças menores.
·          Há profissionais que, sem nenhuma esperança de solução da gestão, por iniciativa própria, levam consigo uma terceira pessoa, pagando do próprio salário ou pessoa da família para ter uma ajuda. O profissional se sente sozinho, tendo muitas vezes que tentar acalentar 5 crianças que choram ou que querem ir ao banheiro. Nessa hora, a quem recorrer?
As creches não podem ser depósito de crianças. Não se deve ver apenas o quantitativo, é preciso condições adequadas para que a professora das turmas de educação infantil tenha a possibilidade de realizar seu trabalho e se sentir bem.
·          E por falar em condições, devemos citar, também dos relatos de profissionais da educação infantil a exigüidade de material para se trabalhar; vários profissionais compram do próprio salário os insumos que usam em sala. Profissionais reclamaram que não dispõem dos materiais que precisam, e é sabido que na educação infantil material é algo que deve ter em quantidade suficiente.
Citamos aspectos de cunho pedagógico, mas há outros de caráter estrutural do local de trabalho que também são problemas graves:
·          falta de água para beber,
·          de banheiro,
·        de salas de aula pelo arejadas. Há locais, por conta das paredes vazadas, o sol incide direito “na cara” dos alunos.
Precisamos refletir: por que nossas condições de trabalho são tão precárias? O elevado investimento feito na área de educação com reformas e ampliações, com pinturas e pisos, por exemplo, por que não privilegiaram a acústica das salas, as condições de trabalho? As reformas melhoraram, mas não sanaram os problemas centrais relacionados às condições adequadas de trabalho.
A partir desses relatos, o Sindsep encaminhará documento à Secretaria da Educação de Itapipoca requerendo providências imediatas sobre as condições de trabalho dos profissionais da educação infantil. 

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